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Vivendo a som do tango...

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... ou Um Mochileiro pela América - parte 2





A viagem pela América continua e o Chile já ficou para trás. Deixei lá as lágrimas e a maioria das dificuldades. Aqui na Argentina, entendo e sou entendido melhor. De Santiago fui para Mendoza, cidade argentina famosa por seus vinhos e por ser próxima da fronteira com o Chile. O albergue que fiquei era quase perfeito. Lá comprei os tours que queria fazer, a passagem para Buenos Aires. Mas o melhor de tudo era que ficava na frente da rodoviária. Cheguei até ele graças ao Mariano, brasileiro que conheci no Chile. Essa é uma boa dica: troque informações com outros mochileiros. Sempre tem alguém que pode salvá-lo.

Em Mendoza fiz o Caminho dos Vinhos e o tour que me levou às alturas, em todos os sentidos. Visitei a Alta Montanha, vi muitos cerros, montanhas com neve, uma antiga estação termal desativada. As paisagens eram de tirar o fôlego. Depois, para chegar ao Cristo Redentor dos Andes, na divisa entre Chile e Argentina, tive de encarar um estrada estreita, de chão batido e cheia de curvas. Dava muito medo, mas o visual lá em cima recompensou. Fiquei eufórico em ver tanta beleza, de ter chegado tão longe. Pude ainda brincar de ter o gelo das montanhas em minhas mãos.

Mi Buenos Aires querido
Depois de uma passagem rápida por Mendoza, fui de ônibus para Buenos Aires. Para ter mais comodidade, fui de primeira classe (olha a classe do guri!). No busão, ganhei janta e café da manhã, joguei bingo, assisti a um filme em espanhol e entendi tudo – e o mais importante, consegui dormir.


O hotel aqui de Buenos Aires tem a melhor estrutura que encontrei (dica da brasileira Ana, que conheci em Santiago). É um prédio todo só de albergue e os quartos têm ar-condicionado. A capital argentina é linda e está abarrotada de brasileiros. Você se sente no Brasil de tantos conterrâneos que encontra, em todos os lugares. Isso porque está barato viajar para cá: tudo sai a metade do preço.


Na cidade, visitei os bairros Recoleta (onde encontrei rapidinho o túmulo de Evita), Palermo (que não achei nada demais, mas é indispensável de toda forma), La Boca (onde fui a La Bombonera e ao Caminito, um lugar cheio de lojinhas e bares com fachadas coloridas) e San Telmo (onde conferi a famosa Feira de San Telmo, abaixo de chuva). Como o albergue fica no centro, fui a pé até a Casa Rosada e o Obelisco, tudo pertinho. O bacana de viajar é que você vai aprendendo com seus erros. Se em Santiago eu sofri porque não tinha um mapa, em Buenos Aires chego a qualquer lugar olhando para um.


Quem visita a cidade não pode deixar de assistir a uma apresentação de tango. Eu fui em duas. Uma no Café Tortoni, local tradicionalíssimo da cidade (e que foi tema de um documentário de uma galera da Comunicação Social da Unisc) e outra no La Ventana. Nesse último, o espetáculo era impressionante. Duas horas de apresentação enquanto se desfrutava de um belo jantar com entrada, prato principal e sobremesa. Um luxo que valeu cada centavo.


Novamente senti vontade de chorar, mas dessa vez por outro motivo: felicidade. O tango é tão envolvente e emocionante, mexe com a gente. Somado a isso, lembrei de como sempre quis viajar e não podia por falta de grana. Estava tão realizado que quase chorei. Quase.


É vivendo no ritmo do tango que sigo a viagem. Enquanto você lê este relato estou andando sobre o glacial Perito Moreno em El Calafate, Sul da Argentina. Enfim, vou realizar meu sonho de conhecer essa obra da natureza. Depois volto para Buenos Aires para seguir ao Uruguai, último país da viagem. A reta final dessa aventura solo, eu conto semana que vem.


PS.: Como sempre peço a todos, rezem por mim.

Relato publicado no Caderno Q? do Jornal Gazeta do Sul do dia 03 de fevereiro de 2010

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